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10 LIÇÕES APRENDIDAS COM MOVIMENTOS GREVISTAS

Vejo a greve como uma manifestação articulada e previsível, que dificilmente surge do acaso. Um movimento latente que se inicia bem antes de ser deflagrado através da paralisação, no entanto, por vezes negligenciado ou subestimado por organizações e gestores despreparados, que não conseguem identificar os seus primeiros sinais através de ações preventivas ou corretivas que visem estancar o seu crescimento e mitigar suas causas.

Ao não ser tratado na sua origem, o movimento rapidamente vai ganhando adeptos e assume a proporção de mobilização. Ainda assim é incrível constatar que mesmo alcançando este estágio crítico e preocupante, organizações assistem inertes o avanço do movimento, o qual certamente culminará com a paralisação (movimento paredista).

Portanto, sempre defendi a tese de que a greve é uma consequência, pois se constitui como uma resposta reativa para algo que deixou de ser feito, ou não deveria ter sido feito, ou foi feito de forma inadequada.

Ao ser deflagrada uma greve, não temos escolhas, ou abrimos rapidamente um canal de comunicação para negociação com os interlocutores, ou corremos o risco de assistir ao fortalecimento do movimento e o impacto pernicioso e inconsequente sobre a imagem e as atividades da empresa, tornando-nos reféns dos seus líderes articuladores.

As organizações e seus gestores devem avaliar cuidadosamente as consequências das suas decisões (ou a falta delas), notadamente quando impactam diretamente as pessoas. Negligenciar o bom senso e a inteligência alheia com a adoção de medidas arbitrárias, unilaterais e inconsequentes, consiste em um erro crasso.

A equação é simples: falta de diálogo e comunicação = falta de informação = dúvida = insatisfação = mobilização = ...

Os profissionais de Relações Trabalhistas devem se valer de um senso crítico e analítico para a identificação e diagnóstico dos primeiros ruídos ou sinais que possam surgir, manifestados tácita ou explicitamente. Devem fortalecer os canais de comunicação e promover a transparência nas relações internas, propor ações preventivas que possam medir precisamente o pulso do clima organizacional e mitigar eventuais comportamentos indesejáveis na sua origem.

A mobilização dos caminhoneiros trouxe à tona várias oportunidades de reflexão em torno das vulnerabilidades demonstradas pelos nossos representantes governamentais, culminando com um movimento grevista que acarretou sérios prejuízos para toda a sociedade e para o próprio governo.

A seguir destaco algumas lições aprendidas em Relações Trabalhistas e Sindicais, as quais considero de grande relevância para o fortalecimento das relações internas e a minimização de incertezas no ambiente de trabalho:

1. APRIMORE O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO INTERNA

A comunicação exerce papel preponderante nas relações internas. Disponha de ferramentas eficientes que proporcionem capilaridade à informação, em quantidade, qualidade e tempo hábil necessários para que seja alcançado o efeito desejado. As redes sociais são uma realidade e se transformaram em um forte mecanismo de mobilização. Valorize a comunicação direta conduzida pela liderança imediata, capacitando-os para a atuação como agentes catalisadores do engajamento e da elevação do moral da equipe.

2. PROMOVA A TRANSPARÊNCIA NAS RELAÇÕES COM OS COLABORADORES

Não subestime a inteligência e o bom senso das pessoas, pois esta conduta poderá comprometer o nível de confiança e reciprocidade do seu time. Demonstre a realidade dos fatos através de dados e indicadores consistentes e verdadeiros. Os colaboradores estarão mais propensos a contribuir quando conhecerem a real situação da empresa.

3. DISCUTA E COMPARTILHE AS DECISÕES

Decisões arbitrárias e unilaterais, invariavelmente não promovem o envolvimento e o comprometimento das pessoas. É recomendável que os processos de mudança sejam previamente discutidos e esclarecidos junto às pessoas que serão afetadas pelas novas regras. Esta conduta contribui para que os envolvidos sejam partícipes do processo e contribuam para a efetivação dos resultados.

4. IDENTIFIQUE OS PONTOS CRÍTICOS E VULNERÁVEIS

Identificar lideranças negativas e os processos de maior vulnerabilidade faz com que ações preventivas e corretivas possam ser adotadas com maior precisão, visando estancar eventuais mobilizações. Mapear e monitorar constantemente estes principais focos de oposição interna é tão importante quanto conhecer seus interlocutores.

5. ENVOLVA OS GESTORES DE PESSOAS NA SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS

Diante de indícios de insatisfação e mobilização, e conhecendo os pontos críticos e vulneráveis, seja proativo no sentido de se promover a discussão e envolver os gestores de pessoas na proposição das correções e dos ajustes necessários para o restabelecimento da normalidade.

6. ADOTE AS MEDIDAS NECESSÁRIAS NO MOMENTO CERTO

As medidas corretivas visando ao restabelecimento do controle e da normalidade devem ser precedidas de uma análise cuidadosa da sua tempestividade e seus impactos. Decisões equivocadas e extemporâneas podem agravar a situação e correm o risco de serem ineficazes e estarem sujeitas à reversão.

7. AVALIE O NÍVEL DE REPRESENTATIVIDADE DOS INTERLOCUTORES

Tenha a convicção de que os interlocutores possuem representatividade e legitimidade para decidir em nome dos seus representados. Não desperdice tempo e energia com mediadores que não detêm poder de decisão e não podem intervir diretamente para a rápida solução do impasse.

8. ATUE COM LIDERANÇA E CONVICÇÃO

Coordenar ações em um movimento grevista requer experiência, maturidade e liderança para a tomada de decisões, as quais devem ser embasadas em informações consistentes, na antevisão precisa de todos os desdobramentos e consequências futuras que poderão impactar a organização, sejam elas tangíveis ou intangíveis.

9. DOMINE OS NÚMEROS

Tenha pleno conhecimento de todos os indicadores que poderão ser impactados pelas eventuais decisões que serão tomadas, bem como a exata dimensão das consequências e efeitos de curto, médio e longo prazos para todos os stakeholders. Jamais assuma compromissos que não poderão ser integralmente atendidos.

10. APRESENTE PROPOSTAS EFETIVAS E DE LONGO PRAZO

Medidas paliativas e inconsistentes apenas contribuirão para postergar a solução definitiva do problema. A credibilidade da empresa será comprometida e uma nova mobilização poderá ressurgir com maior intensidade, caso não sejam implementadas ações efetivas e consistentes para a solução do impasse.

Este conteúdo foi elaborado com o propósito de fomentar a discussão sobre este tema tão impactante para as organizações, bem como reforçar o papel preponderante dos gestores de pessoas, profissionais de Recursos Humanos e de Relações Trabalhistas. Trata-se de um tema amplo, com inúmeras variáveis e um campo de conhecimento inesgotável para o aprendizado.

Teremos muito prazer em conhecer a sua opinião sobre este tema, se você tem alguma contribuição para enriquecer este post, deixe o seu comentário.

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